A melamina é um composto químico que faz parte da composição de diversos produtos industrializados, como plásticos, epóxi e até mesmo alguns itens do gênero alimentício. No meio gastronômico, essa substância pode ser encontrada também em alguns acessórios, como louças e pratos, que são muito populares entre o seu público-alvo.
A popularidade dos produtos feitos de melamina se deve a uma série de benefícios que a produção com este elemento proporciona, como baixo custo, alta durabilidade e grande variedade de modelos entre os itens produzidos. Por outro lado, o que poucas pessoas sabem é que os componentes da melamina podem oferecer riscos à saúde.
Você já conhece a melamina, sua origem e os riscos que ela oferece? Confira a seguir tudo o que você precisa saber sobre essa substância um tanto quanto controversa.
A origem da melamina
A melamina é um produto químico industrial e uma substância alcalina, cuja massa é 66% formada de nitrogênio. É usada em diversas situações, como para a fabricação de plásticos (com formol) e produtos antichama, (devido à liberação de nitrogênio que promove quando aquecida).
Além disso, pode também ser usada para a fabricação de equipamentos eletrônicos (como CDs e DVDs), automóveis, artigos esportivos e até mesmo ração, comidas, bebidas e artigos para cozinha.
O responsável por sintetizar essa substância foi o químico alemão Justus von Liebig, principal responsável pelo progresso da química na Alemanha durante o século XIX. Sua descoberta aconteceu no ano de 1834, e foi inicialmente usada como isolante em cascas de navios.
Por ser facilmente obtida e por ter ampla aplicabilidade, o uso da melamina não ficou restrito apenas na área naval, mas alcançou diversos outros setores.
A China é provavelmente o país que mais aderiu ao uso dessa substância, utilizando-a inclusive para usos indevidos, como para substituir e alterar as cadeias de nitrogênio dos alimentos e do leite. O grau de qualidade de produtos como esses é mensurado a partir da quantidade existente de nitrogênio.
Após o forte incentivo por parte do governo chinês ao consumo do leite, as fornecedoras passaram a ter dificuldades para atender aos mercados interno e externo. Diante disso, passaram a adulterar os seus produtos com melamina.
Para isso, o produto é diluído e a melamina é adicionada com a finalidade de “repor” o nitrogênio da proteína, com a diferença de que não possui nenhum valor alimentício. Esse tipo de adulteração foi encontrado no leite em 2008, e na ração animal em 2007.
O resultado foi catastrófico. Mais de mil animais domésticos morreram em decorrência de falência renal, e cerca de 300 mil bebês apresentaram intoxicação com quadros de complicações renais – 6 deles faleceram.
A mundialmente reconhecida empresa Sanlu Group foi a responsável pela adulteração, e sofreu um colapso após o incidente. Seus representantes foram sentenciados à prisão perpétua, e alguns deles à pena de morte, executados em novembro de 2009.
O uso da melamina na gastronomia
São inúmeros os produtos pertencentes ao ramo gastronômico que fazem uso dessa substância em sua constituição, porém é importante pontuar que ela pode apresentar efeitos tóxicos.
Por conta disso, a Organização Mundial da Saúde (OMS) definiu em 2010 um limite com relação ao uso da melamina em alimentos, com a finalidade de combater esses riscos. Os limites são entre 1 e 2,5 miligramas por quilo para alimentos líquidos e sólidos, respectivamente.
A medida foi tomada por meio do comitê do Codex Alimentarius, que é uma coletânea de padrões reconhecidos internacionalmente, que incluem códigos de conduta, orientações e outras recomendações referentes a alimentos, produção de alimentos e segurança alimentar.
Essa providência foi tomada após o uso ilegal de melamina em produtos alimentares, com o intuito de aumentar o conteúdo aparente de proteína, o que apresenta diversos riscos à saúde.
Além de ser adicionada a alimentos, a melamina muitas vezes é utilizada para fabricar utensílios de cozinha, como talheres e pratos, por exemplo. Itens como estes são os principais atrativos, uma vez que a substância garante uma aparência muito semelhante à porcelana e com boa durabilidade e resistência, com um custo consideravelmente menor.
Ao oferecer um resultado esteticamente atraente e mais econômico, os pratos e demais utensílios de cozinha muitas vezes acabam sendo escolhidos como primeira opção. Porém, quando comparada a outros produtos feitos com diferentes materiais, é possível notar que o uso da melamina acaba apresentando mais pontos negativos do que positivos.
Riscos à saúde
A melamina em si é inofensiva, a menos que seja ingerida. Nesse caso, os riscos que a ingestão da melamina apresenta à saúde são vários. Mesmo a ingestão em pequenas quantidades pode ser o suficiente para levar a sérias complicações de saúde.
A baixa solubilidade característica da melamina contribui com o acúmulo dessa substância nos rins, bloqueando o seu funcionamento. Isso pode levar a uma crise renal, sob o risco de dependência de hemodiálise ou transplante renal.
O composto também pode comprometer o funcionamento do aparelho digestivo e levar até mesmo a danos respiratórios.
Cerca de 1% da população mundial possui em seu intestino a bactéria Klebsiella Terrígena, que tem a capacidade de metabolizar a melamina, formando, assim, compostos anda mais tóxicos, como o ácido cianúrico.
Dicas de segurança
Algumas dicas de segurança podem ser adotadas para evitar a intoxicação em decorrência da ingestão da melamina.
As travessas e pratos fabricados com esta substância devem ser utilizadas apenas para servir alimentos e bebidas frios e não ácidos, o que deve reduzir drasticamente os riscos de qualquer problema em decorrência da ingestão dos seus componentes.
Nunca se deve cozinhar ou esquentar os alimentos nos recipientes que possuam melamina em sua composição, pois o risco de migração química dos compostos para a comida é grande. O aquecimento desse tipo de material pode liberar substâncias nocivas à saúde. Em temperaturas a partir de 71ºC, o risco de contaminação já é consideravelmente alto.
Já no caso de vinagres, suco de laranja e até mesmo de um simples molho de tomate, a migração química é mais arriscada e pode acontecer à temperatura ambiente. Evite armazenar esse tipo de alimento nesses recipientes.
Esse tipo de vasilha não deve ser levado ao microondas, a menos que o produto apresente algum sinal indicando ser seguro para este fim. Do contrário, é melhor não arriscar.
Por fim, não utilize qualquer utensílio feito de melamina para alimentar bebês ou crianças.
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