Depois de alguns meses tentando ingressar no mercado de trabalho, o jovem se deparou com uma situação que muitos brasileiros enfrentam: a dificuldade em conseguir o primeiro emprego.
Aos 20 anos e sem nenhuma perspectiva de emprego, George dos Santos decidiu abrir seu próprio negócio de venda de frango assado, veio a se tornar um caso de sucesso mundial e hoje é conhecido como o Rei do Frango…confira essa incrível história de sucesso!
Antes de iniciar
Nascido e criado em um bairro pobre de Nova Iguaçu, cidade da Baixada Fluminense, George ficou órfão de pai muito cedo e sua mãe, dona Ana Maria, foi obrigada a trabalhar como camelô nas ruas do Rio de Janeiro para sustentar ele e sua irmã, Ester.
Aos 20 anos, o jovem se viu cheio de responsabilidades e contas para pagar, mas só era possível conseguir alguns “bicos” aqui e ali para reforçar a renda familiar. Ele havia acabado de sair do quartel, onde servia ao Exército Brasileiro, e tinha apenas um diploma de ensino médio nas mãos.
Eram escassas as oportunidades para e não havia nenhuma perspectiva de conseguir um trabalho fixo tão cedo. George peregrinava dia e noite pelas ruas de sua cidade, Nova Iguaçu, em busca de um emprego.
Após várias tentativas, muito rodar e receber vários “nãos”, ele decidiu trocar o foco de sua energia: ao invés de andar quilômetros por dia à procura de um trabalho, resolveu colocar a mão na massa e dar início ao seu próprio negócio.
Como tudo começou
Após uma conversa com um amigo, o rapaz viu no ramo alimentício uma oportunidade – existem certas coisas que as pessoas não abrem mão e, sem dúvidas, pagar por comida saborosa é uma delas.
Para iniciar o processo, George pegou um empréstimo de R$ 1.000,00 com um amigo na condição de devolver R$ 1.300,00 (ou seja, 30% de juros).
Depois ele comprou uma máquina de assar frango (“frangueira”) usada e começou o seu projeto nas ruas de Nova Iguaçu.
As primeiras dificuldades
Com o passar do tempo, o jovem percebeu que o seu método não estava dando o resultado e o retorno esperado. As vendas mal conseguiam arrecadar o dinheiro para arcar com os juros da sua dívida e ele não conseguia mais pagar o fornecedor dos frangos.
Ele vendia no máximo 12 frangos por dia, o que não dava para pagar o seu distribuidor e o seu amigo, o qual tinha emprestado o dinheiro para ele.
O Recomeço
Mas foi ao desabafar sobre a falta de clientela com seu amigo, aquele mesmo que lhe emprestou o dinheiro para ele abrir seu negócio, que o jovem recebeu a dica de ouro: mudar o lugar de venda de frango assado para a favela.
A ideia foi como um estalo em sua cabeça! Com isso, ele começou a pensar qual seria o lugar apropriado para montar sua barraquinha. O lugar escolhido por ele foi o Complexo da Maré, mais especificamente a Vila do João, por ser um lugar no meio do caminho entre a Baixada e o Centro, onde o fluxo de pessoas é intenso.
George pegou um ônibus e desceu na Maré sem nunca ter estado em uma favela antes. Ele andou sem rumo por um tempo, até encontrar uma senhora que vendia doces na calçada, com quem iniciou uma longa conversa.
O rapaz perguntou à senhora se alguém vendia frango naquela região e a senhora disse que não. George então relatou sua história a ela, e, depois de ouvi-lo, ela resolveu ceder parte do espaço de sua casa (para que ele preparasse os frangos) e parte de sua calçada (para que ele montasse a sua barraquinha).
O rapaz chegou a oferecer um fração do que ganhava para contribuir financeiramente com senhora, mas ela prontamente recusou, deixando o rapaz utilizar o seu espaço graça.
Com o lugar já definido, George pegou um novo empréstimo, contratou um frete para levar o assador até o Complexo da Maré, entrou em contato com o seu distribuidor e comprou cerca de 100 frangos.
A partir desse momento, a vida do rapaz começou a mudar. Apesar de George nunca ter entrado em uma favela antes, ele viu na Maré uma grande oportunidade, pois percebeu que as pessoas, ao voltarem do trabalho, geralmente buscavam alguma coisa gostosa para comer, e dessa forma não precisariam ter o trabalho de cozinhar após chegarem tarde e cansadas em casa depois de um dia duro de trabalho.
No novo endereço, as vendas de frango assado aumentaram de forma considerável – o aumento no número de empregos naquele ano, aliado ao aumento de renda dos mais pobres, deu à população mais autonomia financeira, o que foi um grande cúmplice da prosperidade dos negócios de George.
Ele relata que as pessoas da região sentiam o cheiro do tempero do frango de longe e iam correndo comprar.
No seu primeiro dia, George vendeu 36 frangos (mais que o dobro do que vendia quando estava em um dia bom no endereço antigo, em Nova Iguaçu).
Em 4 dias, ele já havia vendido 200 frangos e conseguiu quitar a dívida com seu amigo.
A partir de então, suas vendas se multiplicaram. Moradores de vários locais iam até o Complexo da Maré comprar o “Frango Assado da Vila”, pessoas de lugares como Recreio, Madureira e Olaria.
Mais tarde, ele alugou uma quitinete, a qual ficava quase em frente ao lugar onde ele realizava as vendas. Esse imóvel, que serviu para ele estocar seus produtos, foi também onde ele colocou o único freezer que tinha na época.
Nesse momento ele resolveu ligar para a sua mãe e avisar que não iria mais dormir em casa, pois precisava ficar perto do trabalho, assim, deixaria de perder tempo com o deslocamento diário.
O negócio de frango de George dos Santos começou a ganhar forma. Surgiu então o nome “Frango Assado da Vila”.
Com o passar do tempo, o rapaz foi percebendo que os moradores queriam algo para jantar e que, ainda assim, sobrasse para o dia seguinte. Dessa forma, então, começaram a ser montadas as tão conhecidas “quentinhas”.
As quentinhas de George eram vendidas a 5,99 R$ e vinham com farofa e batata assada corada com açafrão.
A partir daí, as vendas deslancharam. O rapaz se viu obrigado a pedir ajuda à sua mãe para conseguir manter o lugar, devido à grande demanda por seus produtos.
Em diversas entrevistas, emocionado, ele relata que é extremamente grato ao auxílio prestado por dona Ana Maria, pois ela abriu mão de outros projetos pessoais para ajudá-lo. Dona Ana Maria, de 54 anos, faz de tudo para auxiliar o filho, desde a etapa de produção até as vendas. Ela espeta, limpa, corta e tempera os frangos – tempero esse que é o maior responsável pelo sucesso da barraquinha.
Trabalhando toda semana, de domingo a domingo, George conseguiu comprar assadores e freezers novos.
O primeiro concorrente
Relembrando fatos engraçados, o rapaz conta que, certo dia, o vizinho de frente, dono de uma loja de roupas, ficou com inveja do sucesso do rapaz. O vizinho colocou todo o seu estoque de roupas íntimas em liquidação, e, do dia para a noite, abriu uma loja de frangos no lugar da loja antiga para concorrer com a barraquinha de George.
Os preços do vizinho eram mais baixos. Enquanto o “Frango Assado da Vila” vendia seus frangos a R$ 10,00, o concorrente apostava no valor de 8,00 R$. Foi quando dona Ana Maria decidiu dar a volta por cima da situação. Ela ligou para o fornecedor de frangos e lhe perguntou o que ele teria para oferecer que fosse de boa qualidade, porém, com um valor acessível.
A resposta veio rápido: galetos. mais baratos
Dona Ana Maria comprou 1.000 galetos, os quais ela planejava assar no sábado por R$ 5,00, dia de bastante movimento no local. Porém, o concorrente insistiu e colocou seu galeto a 1 centavo mais barato que o galeto do “Frango Assado da Vila”.
Mesmo com isso, dona Ana Maria não se deu por vencida e anunciou seus galetos por 3,99 R$, com o número 3 desenhado de um tamanho bem grande, para chamar a atenção dos compradores do Complexo da Maré.
Dessa forma, as vendas começaram a aumentar. Os compradores levavam 3 a 4 galetos de uma vez. Nesse dia, George e sua mãe venderam cerca de 513 galetos.
Após isso, o vizinho concorrente desistiu da disputa e fechou a sua loja.
O início do sucesso
O negócio de George dos Santos estava dando tão certo que ele já atraía clientes de outras cidades, os quais iam até o Complexo da Maré apenas para comprar os seus frangos assados. Além de sua mãe, sua irmã, Ester, também forneceu ajuda ao irmão, dando uma incrementada no cardápio da barraquinha dele.
O “Frango Assado da Vila”, a partir de então, também começou a comercializar caldos, pelo valor de 5,00 R$ cada.
Com o passar do tempo, George dos Santos foi desenvolvendo planos mais ambiciosos. Ele conseguiu alugar uma loja maior e adquiriu três “frangueiras”.
O rapaz também contratou mais quatro pessoas para trabalharem com ele, além dele e de sua mãe. George investiu cerca de 50 mil reais no seu comércio para realizar melhorias, como a reforma da fachada, a incorporação de mesas e de uma chopeira e cervejeras (tendo a oportunidade de atrair potenciais clientes que queiram, além de comer, conversar, escutar uma música e se reunir com os amigos).
Por meio de seu esforço e suor, George dos Santos conseguiu montar seu próprio negócio de sucesso, sonho esse que saiu do papel e se tornou realidade devido à sua insistência, mesmo diante das adversidades do caminho.
O Rei do Frango Hoje
Atualmente, George vende cerca de dois mil frangos por semana, em média, e o “Frango Assado da Vila” é um dos comércios mais famosos e movimentados do Complexo da Maré, no Rio de Janeiro.
O rapaz relata que ele e sua mãe já possuem casa própria, cada um a sua, além de certa estabilidade financeira.
Hoje, ele é conhecido como o “Rei do Frango” da Maré e não deixa de se reinventar.
Uma reportagem sobre sua história saiu no programa Mais Você, da Rede Globo, em 2015, onde ele relatou seu desejo por aprender coisas novas, como fazer frangos desossados (para serem recheados), o que seria uma nova opção para criar um diferencial e aumentar as suas vendas.
Hoje George é um caso de muita persistência e sucesso na arte de empreender no Brasil!
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